Que País é esse?... A frase se renova, os problemas envelhecem e as soluções não surgem. Portugal nos condenou ao naufrágio já na elaboração do projeto, Mandando para cá boa parte da escória do seu povo (Condenados por crimes. Alguns preferiam a morte a ter que enfrentar a terra dos papagaios). O sangue ruim do lixo Humano que pisou as terras tupiniquins se misturou ao dos índios inocentes que reinavam e desfrutavam da tão sonhada paz dos dias de hoje.
O fantasma do descobrimento continua sua saga. Ladrões se espalham pelas ruas, pelas casas, pelas instituições e tudo acaba banalizado e, os usurpadores venerados ou inocentados. A nós, não cabe sequer o direito à defesa.
Deixem de covardia e dê-nos o direito de defender o que é nosso, mesmo que seja com a própria vida. Que seja revogada a lei do desarmamento que já provou que só serve para acuar a sociedade.
E quanto ao povo brasileiro, o meu protesto, bondade e mansidão não podem se esconder no manto da covardia. Só uma revolução colocará essa “geringonça desgovernada”, novamente, no rumo.
Comecei com Legião urbana, termino com Capital inicial: “Até quando esperar...”.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
Inocência Perdida

Enquanto a família Sarney se lambusa no bolo da nação, crianças maranhenses se humilham nas estradas federais do estado, tapando buracos e mendigando trocados dos motoristas. Cenas que correm o Brasil nas lentes estarrecidas dos homens de bem desse País.
Cabeça de Vento
A proliferação de igrejas "evangélicas" como a "Renascer em Cristo" que, na verdade, seria mais adequado Classificá-las de mercearias de milagres fajutos, faz surgir figuras bestiais como Caroline Celico, mulher do jogador Kaká, da seleção brasileira e do Real Madrid, que declarou durante um culto na Flórida que foi Deus quem fez com que o Real Madrid tivesse dinheiro para contratar seu marido. "Como pode alguém no meio da crise ter dinheiro? Deus colocou esse dinheiro na mão do Real Madrid para contratar o Kaká. Nós vamos poder abrir uma igreja lá. Existem vidas que têm que ouvir essa palavra", disse.
Santa ignorância... Dona Celico poderia fazer valer o diploma de culinária da sofisticada Cordon Bleu e pleitear uma vaga na cozinha do Real Madri. Quem sabe, assim, ela consiga fazer milagres com pratos franceses pro marido comer rezando.
Santa ignorância... Dona Celico poderia fazer valer o diploma de culinária da sofisticada Cordon Bleu e pleitear uma vaga na cozinha do Real Madri. Quem sabe, assim, ela consiga fazer milagres com pratos franceses pro marido comer rezando.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Antiga Delegacia de Paragominas (TV Liberal)
Palco de muitas fugas, a antiga delegacia de Paragominas, já desativada, era a imagem do caos. o que não é exclusividade do município paraense. Diga-se de passagem, o prédio mudou mas, os problemas...
Zé Reinaldo X Zé Sarney
O então Governador do Maranhão José Reinaldo Tavares, descascando o verbo contra Sarney e integrantes do grupo do senador que, segundo ele, são os responsáveis pelos mais de quarenta anos de atraso no estado.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Nas alturas
Momentos do Comandante Emerson Lopes em voos relizados de Votuporanga para Penápolis, em São Paulo e de Goiânia Para Anápolis, em Goiás. Belas imagens do Centro-Oeste do Brasil.
sábado, 11 de julho de 2009
A Casa dos Horrores

O mais novo lançamento da indústria cinematográfica brasileira já está em cartaz.
“A Casa dos Horrores” é uma produção independente da produtora Senado Federal Brasileiro e, já está em cartaz.
No papel principal o premiado José Sarney: um “expert” na arte de representar. Depois de quase cinqüenta anos fazendo o papel de bom moço, coitadinho defensor dos oprimidos, e demente, Sarney vive a nova experiência de viver um vilão. Apesar dos esforços de se esconder atrás do papel de mocinho. Mas, essa personagem já estava comprometida. O atual mocinho quase não aparece no filme e, quando resolve falar com a imprensa está sempre fora do País. Uma das exigências do mocinho para assumir o papel foi não morar no mesmo prédio que os demais atores e sempre ser chamado pelo apelido.
O filme já chegou aos cinemas, mas, a briga pelos rendimentos continua. “A casa dos Horrores II”, já está sendo escrita pelos oitenta e um roteiristas da produtora e os fãs dessa quadrilogia (leia-se quadrilhogia), podem esperar uma trama cheia de muita armação, maracutaia, roubalheira e cara de pau.
Emerson Lopes
Companhia de Polícia da Aeronáutica

Fiz parte desse pelotão de elite da Aeronáutica, por mais de dois anos. É claro que usávamos armas bem mais sofisticadas e potentes que essas da foto.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
A Pintada

Em uma de minhas andanças pela Amazônia, me deparei com esta cena, na porta de um barraco, à beira da estrada. Uma prova de coragem?... Covardia?... Ou sobrevivência?...
O que fazer, no meio da floresta, ao dar de cara com um bicho igual a esse?
Matar para não morrer?... Ou tentar fugir, para garantir a preservação da espécie?
Você decide!...
Obs.: O Autor dessa façanha garantiu que o "gatinho" já teria "jantado", pelo menos, 20 cabeças de gado na região.
O que fazer, no meio da floresta, ao dar de cara com um bicho igual a esse?
Matar para não morrer?... Ou tentar fugir, para garantir a preservação da espécie?
Você decide!...
Obs.: O Autor dessa façanha garantiu que o "gatinho" já teria "jantado", pelo menos, 20 cabeças de gado na região.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Acidente de Avião em São Miguel do Araguaia

No meio da tempestade, o piloto perde o controle do monomotor e cai no pasto de uma fazenda no tocantins. As cinco pessoas à bordo, entre elas uma criança, têm morte instantânea.
No local do acidente, um silêncio assustador e um cheiro de sangue insuportável. Marcas que não se apagam... Experiência que não se transfere.
Emerson Lopes
No local do acidente, um silêncio assustador e um cheiro de sangue insuportável. Marcas que não se apagam... Experiência que não se transfere.
Emerson Lopes
Morte no Guamá (TV Liberal)
A rotina da violência retratada de forma isenta e responsável.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Estradas da Morte
Lá se vão mais de vinte anos de atuação como repórter das principais emissoras do Norte, Nordeste, e Centro-oeste do Brasil. A reportagem ao lado é de 2005. Um retrato do abandono das estradas brasileiras que, a cada dia, mata dezenas de inoscentes. Num País individualista e capitalista, salve-se quem puder.
Emerson Lopes
CARTA A IMPRENSA DO BRASIL
CARTA A IMPRENSA DO BRASIL (EM RESPOSTA A CAPA DE VEJA DE 24/06/2009 “BASTA DE IMPUNIDADE”)Primeiro quero manifestar meu apoio incondicional a reportagem de capa da Revista Veja de 24/06/2009 pelas informações prestadas e pelo debate de opiniões que causou em nossa sociedade! http://veja.abril.com.br/240609/p_058.shtmlÉ gratificante saber que as pessoas não estão assim tão desinteressadas do bem comum e da política!Em minha opinião jornalismo deve ser isto: Responsabilidade Social e Utilidade Pública!E por assim pensar escrevo as linhas abaixo:Depois de vinte anos (comecei aos trezes anos quando era membro de grêmio escolar e comunista) acompanhando noticiários de televisão e lendo revistas de grande circulação nacional, conclui que o maior poder do País é a Mídia (Imprensa). A Mídia mobiliza, promove Impeachment ( impugnação de mandato) e se quizer faz acontecer até eleição!O segundo maior poder do País, na minha opinião é a mobilização( o povo organizado em prol de um objetivo comum).Mas, como Mobilizar sem Informação? Como Mobilizar sem formar Opinião? E como formar opiniões somente em prol de interesses comuns ? Como formar opinião em prol da Nação, do Povo Brasileiro( por mim entendidos como brasileiros, de norte a sul, de leste a oste, de toda classe social, toda opção sexual, de toda crença e opinião).Para que a Imprensa cumpra todo seu papel social acredito que ela deva está envolvida em todo clamor social, em toda luta do Povo! Por está razão PEÇO A IMPRENSA BRASILEIRA QUE APOE E PUBLIQUE MATÉRIAS DE CAPA PARA MOBILIZAR E AJUDAR A CAMPANHAS ABAIXO:- CAMPANHA FICHA LIMPA( MOVIMENTO DE COMBATE A CORRUPÇÃO ELEITORAL- http://www.lei9840.org.br/- CAMPANHA TODOS CONTRA A PEDOFILIA - http://www.todoscontraapedofilia.com.br/site- CAMPANHA TODOS CONTRA O TRABALHO ESCRAVO E TRABALHO INFANTIL - www.cptpe.org.br- CAMPANHA EDUCACIONISTA - http://www.educacionista.org.br/-CAMPANHA REFORMA POLITICA- http://www.reformapolitica.org.br/E PEÇO MAIS: PROMOVAM UMA CAMPANHA DE INFORMAÇÃO MASSIVA SOBRE AS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS NO BRASIL. QUE ELAS SEJAM REALIZADAS EM LOCAIS PÚBLICOS (EM BRASÍLIA SUGIRO A ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS) , AOS SÁBADOS E COM ATRAÇÕES DE ARTISTAS LOCAIS! SERIA UM SONHO? “ Sonho que se sonha só. É só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade” Raul Seixas.PROMOVAM UMA CAMPANHA DE INFORMAÇÃO MASSIVA SOBRE O TRABALHO DOS POLITICOS BRASILEIROS( VOCÊS SÓ DIVULGAM MAZELAS, DENÚNCIAS). PORQUE NÃO INFORMAR O POVO DO TRABALHO LEGISLATIVO DE CADA UM? ISTO FORTALECERIA NOSSA DEMOCRACIA E NOSSAS INSTITUIÇÕES QUE FORAM OS PILARES DE TODO PROGRESSO BRASILEIRO NAS ULTIMAS DÉCADAS.AJUDEM O PRÓXIMO PRESIDENTE A GOVERNAR SEM MENSALEIROS: DIVULGUEM AO VIVO E VOTO A VOTO(COMO FIZERAM NO IMPEACHMENT DE COLLOR DO QUAL PARTICIPEI COMO CARA PINTADA) TODAS AS VOTAÇÕES DE GRANDE REVELÂNCIA PARA O PAÍS, ESPECIALMENTE AS QUE DIZEM RESPEITO A ECONOMIA, REFORMA POLITICA, MOVIMENTO DE COMBATE A CORRUPÇÃO ELEITORAL- http://www.lei9840.org.br/, EDUCAÇÃO, SAÚDE( O SUS FALIU), PROJETOS SOCIAIS E OUTROS.E POR ULTIMO PUBLIQUEM A MATÉRIA QUE SOLICITEI A TRÊS SEMANAS ATRÁS A VÁRIOS VEICULOS DE COMUNICAÇÃO EM BRASÍLIA E TAMBÉM A VEJA, ISTO É, ÉPOCA, REDE GLOBO, REDE RECORD E SBT. CRISE E MORTE NA SAÚDE DO DF – SUPERLOTAÇÃO NOS HOSPITAIS, MÉDICOS DEIXANDO O SERVIÇO PÚBLICO, FILAS IMENSAS NOS PRONTOS SOCORROS E NAS MARCAÇÕES DE CONSULTAS E EXAMES, MORTE POR FALTA DE LEITO DE UTI, TERCEIRIZAÇÃO DE HOSPITAL PROVOCANDO PROTESTOS E BRIGAS JUDICIAIS E IMPEDINDO O ATENDIMENTO A POPULAÇÃO. O POVO BRASILIENSE QUE NÃO ESTÁ FREQUENTANDO HOSPITAIS COMO ESTOU PRECISA SABER DISTO! É DEVER DE IMPRENSA RESPONSÁVEL DIVULGAR ESTES FATOS.
Lu Barros
Lu Barros
quarta-feira, 1 de julho de 2009

Os primeiros raios de sol rasgam a vidraça desprotegida do pequeno quarto, no primeiro andar do hotel. É manhã de Segunda-feira e, a contar pelo céu de brigadeiro refletido na janela, o dia vai ser promissor. Eu nunca tive problemas com a segunda-feira... Meu sofrimento, na verdade, sempre foi o Domingo. Um dia morto, com um monte de gente alienada fazendo tudo àquilo que a televisão recomenda – Churrasco e pagode, sol e mar, passeio com o cachorro no calçadão, etc. Como se tivéssemos a obrigação de moldar a nossa felicidade pelas fantasias de poucos autores entediados e insatisfeitos com o próprio parâmetro de realização.
Adoro essa sensação de silêncio que vem lá de fora. Apesar de que, aqui dentro, o ar condicionado trabalha em ritmo acelerado. Mas, isso não me incomoda... Posso ficar horas e horas num diálogo profundo comigo mesmo. Será que numa novela isso seria considerado normal? Meus devaneios são bruscamente interrompidos pelo toque desesperado do telefone. A principio ignorei o chamado, mas, uma ligação a essa hora... Não deve ser boa notícia; É melhor atender. Do outro lado, um jornalista da Folha de São Paulo, mencionava alguma coisa sobre Paulinho Paiakan - o come a força, ta lembrado?... Na verdade, ele queria o apoio da minha equipe para chegar até a aldeia do cacique Kayapó, no meio da floresta a, pelo menos, uma hora de vôo de Redenção, sul do Pará. Naquele momento, enquanto ele dava detalhes da missão, eu fazia um rápido levantamento dos meus compromissos, para as próximas oito horas. Como a ronda do final de semana havia me garantido uma série de boas reportagens, nada me impedia de cancelar alguns encontros menos importantes como uma conversa de rotina com o delegado de polícia, gravar o programa de hoje e partir ao encontro do “Tarzan”... Digo: Paiakan
E, foi isso que eu fiz... Meia hora depois, eu e minha equipe já estávamos no aeroporto de cara pintada e “borduna” na mão... Digo: de cara limpa e câmera na mão. O primeiro desafio veio na hora de alugar o avião para a viagem. Os dois índios que nos guiariam até a aldeia tinham ordens expressas de Paulinho Paiakan, para, só permitir a viagem se fosse no avião da tribo. Determinação que se justificaria logo em seguida: o valor do frete era o dobro do cobravam as outras empresas de táxi aéreo. Por livre e espontânea pressão tivemos que abrir mão de um bimotor asa baixa, trem de pouso retrátil, ar-condicionado, banco de couro, sistema de posicionamento global (GPS), etc. E, felizes aceitar a carroça voadora dos Kaiapó: Um Cesna monomotor asa alta, trem de pouso fixo e, muito barulho. Os primeiros cinqüenta minutos da viagem eu passei olhando para o tapete verde formado pela copa das árvores gigantes da Amazônia, imaginando o que fazer, no caso de uma emergência. Mesmo sendo piloto de avião, não encontrei saída a não ser fechar os olhos e, apesar do barulho contínuo e ensurdecedor do “teco-teco”, fiquei imaginando como seria a nossa entrevista com Paiakan, um homem inteligente que conhece, muito bem, as malícias dos brancos e que se mostrava arredio ao assunto Sílvia Letícia da Luz Ferreira. A então estudante de apenas dezoito anos de idade, estuprada pelo cacique com a ajuda da mulher dele Irekran, em 1992, num trecho deserto de uma estrada de terra nas proximidades de Redenção depois de uma festinha regada a muita bebida e “cigarrinhos do capeta”, numa chácara pertencente ao indígena. O julgamento estava para acontecer, mas, Paulinho Paiakan, para se livrar da condenação, praticamente certa, considerando que ele assumira o crime em rede nacional, se isolou no meio da selva, numa aldeia batizada por ele de “rio vermelho”. Uma pequena oca cravada no meio de uma cratera, cercada por mata virgem. A localização, só o piloto da tribo sabia. Daí a exigência de não permitir o aluguel de um outro avião.
Depois de mais de uma hora de solavancos e sustos, surge de repente no meio da selva uma pequena pista de pouso. Ficamos felizes por chegarmos e, ao mesmo tempo, apavorados com a idéia de fazer um pouso naquela... Naquela pista. Graças a Deus, Paulo, o piloto é um profissional experiente. As boas vindas acontecem, ainda, na porta do avião. O renomado Cacique, nem de perto parecia aquele índio influente que chamava a atenção nos corredores do congresso ou em seminários realizados pelo mundo. Paiakan vestia uma bermuda cinza e uma camiseta branca e, se sentia muito à vontade com isso. Convidou-nos para sua oca sempre deixando transparecer que estava feliz com a nossa visita. Ao chegar à oca, Paulinho, o homem comum, se embrenhou quarto adentro e, quase meia hora depois, reaparece transformado. Apesar das minhas diversas viagens a aldeias da Amazônia, eu nunca tinha me sentido tão fora da realidade. Ali, à minha frente estava um guerreiro kaiapó vestido a caráter como se fosse entrar em cena a qualquer momento num filme de “Bang-Bang”. Por alguns segundos me vi criança, frente à televisão.
Sabendo das intenções do repórter da “folha”, me adiantei:
-Cacique... Podemos gravar nossa entrevista agora?- Paulinho balançou a cabeça afirmativamente e, eu senti o coração ficar igual americano sambando: todo fora do compasso. Mas, tudo bem... Pra início de conversa, vamos amansar o canibal, digo... A fera.
Então comecei: Feliz, Paulinho, na sua nova aldeia?... Pretende continuar mantendo contato com os brancos?...(ta chegando) Silvia Letícia é a responsável pelo seu isolamento? (chegou)... O “pele vermelha” ficou roxo de raiva, mas se controlou e respondeu a essa e mais duas perguntas sobre o tal assunto. Quando a outra equipe apontou o gravador já era tarde. Um sonoro não foi ouvido, acompanhado de uma tremenda cara feia. Paiakan estava em brasa.
É difícil saber a reação de um índio. Ainda mais se esse índio for um homem instruído, bem relacionado e conhecedor da cultura “Caraíba”. Depois daquele acesso de raiva pensávamos que havíamos feito um caminho sem volta. Enquanto o companheiro da “folha” tentava se desculpar pela indiscrição eu observava de longe e planejava uma forma de esconder a fita da tal entrevista. Mas, sabia que essa, também, era uma iniciativa perigosa. Afinal, nos dias de hoje, quase todo índio sabe manusear uma câmera de vídeo. Descobri isso, em uma aldeia que fica no município de Santa Inês, no estado do Maranhão, onde fui cobrir a morte de um fazendeiro que se recusou a pagar o pedágio cobrado pela tribo. O estilo de vida era primitivo. Mulheres desnudas, rituais e quase nada do nosso idioma. Mas, nada que impedisse o cacique de dar uma olhadinha na lateral da câmera para se certificar de que a fita não estava rodando... Mas, com Paulinho Paiakan, isso não foi necessário.
Meia hora depois, parecia que nada havia acontecido. Com a paciência de um monge, ele levantou-se do tronco em que ficou sentado a maior parte do tempo e, gentilmente nos convidou para o almoço.
Esse é outro fato interessante. Da hora em que chegamos à aldeia, até aquele momento eu não havia prestado muita a atenção nas seis índias que, em silêncio, andavam de um lado para o outro. Elas preparavam o nosso almoço, a mando do cacique. No cardápio, peixe moqueado (enrolado na folha de bananeira, com vísceras e sem sal), arroz e macarrão. O tal macarrão eu jamais esqueci. É que, quando chegou a minha vez percebi um algo mais no macarrão... Uma barata tamanho família que passeava tranqüilamente entre o macarrão e o arroz sem sal e colorido artificialmente com o pó do urucum (o mesmo fruto que é usado para as pinturas tribais). Mas, de acordo com a tradição indígena, seria uma desfeita imperdoável não compartilhar do banquete. Sendo assim, tudo bem!...
Contornada a situação, chega à hora de nossa equipe levantar vôo. Enquanto nos despedíamos, a caminho do avião, com mais um destaque e mil desculpas pelo assunto indigesto (Sílvia Letícia e não a barata), o comandante Paulo, homem de confiança de Paulinho levantou uma questão preocupante. Para conseguir altitude o suficiente para transpor a copa das árvores ele teria que decolar com apenas dois passageiros que ficariam em uma outra aldeia (A-ukrê) de onde seria possível decolar com toda a equipe (05 pessoas). Mas, como seria inviável fazer três viagens, uma a mais só por causa de um passageiro, resolvemos que três de nós fariam a primeira escala. E, naturalmente eu fui um dos escolhidos. Os preparativos da decolagem me lembraram os vôos clandestinos tão freqüentes no ciclo do ouro. A pista pequena requer mais potência, o motor é posto em rotação máxima antes de qualquer movimento só então os freios são liberados. Os “flaps”, dispositivos que aumentam a sustentação ficam recolhidos até que a aeronave ganhe velocidade, isso bloqueia uma segunda função desse dispositivo que, também, serve como freio aerodinâmico. A técnica adotada produz mais velocidade em menos espaço de tempo. Uma sensação estranha parece que a pista vai acabar a qualquer momento e que vamos dar de cara com a selva que forma uma barreira imponente a poucos metros do final da pista. Conseguimos levantar vôo, mas o perigo ainda é real. Para qualquer lado que se olha, só se vê mata fechada e, a uma altura considerável. O piloto curva a aeronave para tentar ganhar velocidade e altura. São segundos de muita apreensão. Paulo, o piloto, tenta ignorar o perigo, mas, o suor que escorre testa abaixo o denuncia. Depois de dois alarmes de estolagem (Perda de sustentação), conseguimos vencer o obstáculo. Mas, vamos precisar de um pouco mais de tempo para retomar o ritmo ideal de batimentos cardíacos.
Pena que não tenhamos esse tempo. Menos de dois minutos depois, já começamos a avistar a aldeia “a-ukrê”, nosso ponto de apoio. Lá embaixo, novamente uma pista de terra avermelhada que, aos poucos vai ficando ainda mais escura. São dezenas de índios que correm para a pista na curiosidade de saber “quem vem lá?...” Paulo sugere que guardemos nossos equipamentos e se, por acaso, alguém perguntar, digam apenas “somos amigos do Paulinho...” O cacique, até então, era muito respeitado.
Até que a aglomeração não é de se estranhar. Essa é, na verdade, uma atitude característica dos indígenas: a curiosidade. Os cem metros que nos separavam da aldeia, foram percorridos debaixo de muitas perguntas, algumas ingênuas... Outras, nem tanto. As lideranças desconfiavam das nossas intenções. Foi preciso muita cautela para não ceder à curiosidade. Para nossa sorte, enquanto comandante Paulo retornava para buscar os outros dois companheiros que, acredito não ficaram em melhores condições, conheci um pesquisador francês, de quem eu não recordo o nome. Ele já estava há mais de três meses convivendo com os kaiapó, numa pesquisa que servia como uma espécie de tese. Era engraçado o contraste daquele “pele branca”, se passando por índio. Mas, em dado momento ele se mostrou bem a par dos costumes da tribo. Uma índia velha falando alto foi se aproximando... Isso sim, me deixou assustado. Primeiro por não entender uma palavra sequer. Segundo por ter a convicção de que ela não estava nada satisfeita com a nossa presença. Para piorar a situação, o francês nos disse que essa mesma velhinha desdentada e corcunda já havia feito um ministro cheirar a sua “borduna”. Eu que já fui expulso a cacetadas por índios “krikati” e “urubu”, de dentro de uma igreja no Maranhão, não estava disposto a apanhar novamente, e, desta vez de uma mulher. (não que eu seja tão machista... Mas, apanhar é ruim de qualquer jeito). Segundo o meu novo amigo, ela estava querendo saber o motivo da nossa presença. Se éramos amigos de Paulinho, porque ele não havia comentado que nós viríamos. Mais uma vez, fomos salvos pelo gongo... A fúria da “mãe da mata” foi contida por um rasante do comandante Paulo bem no meio da aldeia... A cena se repetiu... Até a índia velha se arrastou a caminho da pista pra ver quem estava chegando. Com a mão ainda trêmula, agradeci ao meu novo amigo e me apressei em sair da linha de fogo. Nunca, uma despedida foi tão curta.
Na viagem de volta, Lá estou eu, novamente, de olhar fixo na copa das árvores, em silêncio. Desta vez, eu não estava sozinho. Mesmo que alguém dissesse alguma coisa, seria difícil obter uma resposta. Na verdade, os pensamentos estavam muito longe. Eu imaginava o que poderia ter acontecido caso o Cacique Paiakan não tivesse aceitado a minha ousadia, ou se tivéssemos errado nos cálculos na decolagem com três ao invés de dois, ou se a bisavó do “curupira” tivesse optado pela agressão física... Os reflexos foram tão reais que aquela imagem fixa da selva amazônica, imponente e ameaçadora, em nenhum momento da viagem chegou a me incomodar.
Exatos cinco dias depois, ao chegar à delegacia de polícia de Redenção um agente veio me receber na porta, com aquela euforia natural de quem fez um bom trabalho.
– sabe da maior?... Sílvia Letícia está presa!... Ela foi flagrada no momento em que passava uma garrafa dágua com fundo falso ao marido, acusado de homicídio. No fundo falso, a polícia encontrou um “kit-fuga”. Sílvia Letícia... A professorinha injustiçada e humilhada por um casal indígena, estava conhecendo o outro lado da moeda. No foco das câmeras, agora, nada de compaixão.
Assinar:
Postagens (Atom)