segunda-feira, 7 de maio de 2012

Perigo no ar...

Ultraleves ameaçam trafego aéreo em Paragominas



Não é segredo pra mais ninguém o fato de que a ANAC nos deixou órfãos na Amazônia. Com o fechamento do GER-1, a fiscalização do setor aéreo, que já era precária na região, entrou em colapso. Para aqueles profissionais da aviação que torciam por melhorias com a desmilitarização do setor, decepção total.

Não se engane: O espaço aéreo não está totalmente seguro sem o apoio fundamental das equipes de solo. Entregue nas mãos de civis, no formato que aí está a aviação no Brasil corre sérios riscos.

No Norte do País, a aviação geral de pequeno porte é indispensável para a aceleração do volume de negócios e, conseqüentemente para o desenvolvimento da região. Tal necessidade faz do nosso espaço aéreo um emaranhado de aerovias (Estradas virtuais) com um fluxo considerável de aeronaves. Daí a necessidade de uma fiscalização mais intensa. Como isso não acontece, as brechas vão se formando e, dentro delas, as irregularidades.

É o que vem acontecendo em Paragominas, no Nordeste do Pará, por exemplo. Um aeródromo administrado teoricamente pela Prefeitura Municipal que, diga-se de passagem, se esquiva desse compromisso o que torna esse setor uma terra de ninguém.

Daqui partem aviões de pequeno porte para diversas cidades do Brasil, sem um controle específico. Os pilotos coordenam seus vôos numa freqüência de rádio predeterminada, assim como reza o Regulamento de Trafego Aéreo Brasileiro. Mas, em contrapartida, daqui, decolam, também, aviões experimentais (Ultraleves) que não possuem freqüência rádio e, sequer, pilotos habilitados para o exercício da função. Esses entusiastas inexperientes e, até certo ponto irresponsáveis, ocupam um espaço que os pilotos profissionais desconhecem por não existir um aviso prévio dessa atividade. A prática rotineira chega a ser criminosa, levando-se em consideração o risco iminente que ela provoca naqueles que, sem tal informação, ocupam o mesmo espaço aéreo.

Ao cair da tarde em Paragominas, é comum o avistamento de ultraleves em manobras radicais pelos céus da cidade a baixa altitude e tendo no comando os supracitados entusiastas inabilitados. Para operar uma máquina voadora como esta, o Piloto deve passar por treinamento específico junto à ANAC e, só então, estará apto a dar início a um treinamento prático com um instrutor, também habilitado pela ANAC, para desempenhar tal função. Mas, aqui, nada disso acontece. O resultado dessa prática irregular tem sido uma série de incidentes aeronáuticos, até então, de pequena gravidade.


Pilotar um ultraleve não vem a ser uma tarefa das mais difíceis. Mas, é justamente aí que mora o perigo. Todo piloto profissional foi treinado para obedecer as regras do ar que garantem a segurança do tráfego aéreo e, cada um desses profissionais espera o mesmo de quem vem em sentido contrário. O que não acontece com esses entusiastas que desconhecem completamente tais regras universais. No atual formato de desorganização é difícil assegurar que o nosso espaço aéreo está sob controle. Se um urubu é capaz de derrubar um avião, imaginem um ultraleve, milhares de vezes mais pesado e sem controle.


Já passou da hora de darmos um basta nessa pouca vergonha.

Emerson lopes: Radialista / Piloto comercial de avião