sábado, 25 de fevereiro de 2012

Anjos Selvagens

Numa manhã de poucos acontecimentos, a vinheta acelerada de uma determinada emissora de televisão quebra a rotina da jovem sentada no sofá da sala… “E, atenção! Um avião monomotor cai, no meio da floresta. Ainda não temos informações sobre vítimas. Segundo a Aeronáutica o piloto é o comte. Eduardo da Silva Campos,…”.
A jovem, sem tirar os olhos do lixador de unha, Adianta: “… Mamãe Pode ficar tranquila: Papai não vem pro almoço. Acabou de cair, de novo.”.
Comandante Eduardo (de uniforme) morto no dia 17, em Cametá.
Comandante Eduardo (de uniforme) morto no dia 17, em Cametá.
Essa é uma das muitas histórias do Comte Eduardo, que animavam as manhãs de Domingo, numa rodada de cerveja no Aeroclube do Pará. Mas, na manhã do último dia 17, Eduardo (Dudú) nos deixou de vez, aos 52 anos, no trágico acidente, em Cametá. O avião Bimotor, Beech Baron G-58, da empresa Norte Jet, perdeu potência, após a decolagem e caiu no meio da mata. Quatro (04) pessoas morreram.
Comandante Roberto Fernandes, morreu hoje pela manhã quando o avião que pilotava caiu há sete minutos de Belém.
Comandante Roberto Fernandes, morreu hoje pela manhã quando o avião que pilotava caiu há sete minutos de Belém.
A história se repetiu na manhã deste sábado, 25 de fevereiro de 2012. Após decolar de Belém, com destino a uma fazenda no Nordeste do Estado, o companheiro Roberto Fernandes (comandante experiente), O Deputado Estadual Alessandro Novelino e um de seus Assessores… Encontraram a morte, sete minutos depois, próximo ao município de Acará, Ainda sob controle do Terminal de Belém (TMA).
As causas prováveis do que provocou o acidente só serão conhecidas após minuciosa investigação do Ceripa – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.
O foco é outro, nesse dia nebuloso, sombrio, triste, chuvoso, etc: Os amigos que nos deixam. Anjos selvagens, que dias, meses e anos a fio cortam os céus da Amazônia, não só transportando empresários e políticos, mas, como no caso do comte. Eduardo (Um dos pilotos do Pará que mais transportaram enfermos de municípios isolados para a capital) dedicando suas vidas a uma atividade que apaixona; que transforma; que aproxima. Não comparo o prazer de voar com nada físico. A imensidão nos engole, nos educa e nos liberta. Somos o grão de areia o qual a Biblia Sagrada retrata; somos um instrumento do Criador… Temos o domínio total da máquina, mas, o criador, o domínio das nossas vidas. Somos anjos, Anjos da Amazônia a serviço do nosso povo.
Descansem em Paz, comandantes.
* Emerson Lopes é radialista e Piloto Comercial de avião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.